Estamos muito felizes!Com a agenda mega corrida, nossa querida Dra Pamela Magalhães aceitou nosso convite e concedeu uma das entrevistas mais bacanas e abertas querealizamos, onde com toda a sua visão, carinho, e de forma direta respondeu as nossas perguntas e mostrou diretrizes importantes que muitas vezes não enxergamos ou compreendemos.
Mas antes de mais nada, quem é a Dra Pamela de Magalhães?
Filha de cuidadores, mãe psicoterapeuta e pai médico, cresceu acompanhando esse exercício de amparo a dor física, quanto mental dos indivíduos , onde aprendeu em seu berço familiar a importância da sensibilidade e observação das minúcias da vida e de todos a sua volta
Ainda pequena sempre teve seus ímpetos respondidos pelo ambiente no qual se desenvolvia, tendo espaço e validação para a realização de precoces ensaios na leitura do outro.Seu interesse pela compreensão de traumas psíquicas do indivíduo , até constatar que estudar os mistérios do comportamento humano em graduação pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, seria a melhor forma de realizar este desejo em se tornar uma psicologa, apaixonada pelo atendimento clínico, onde no âmbito hospitalar poderia adquirir maior experiência nos mais diversos quadros clínicos para dimensionar seu conhecimento.
Em busca de ampliar esta escuta, tornou-se Especialista Hospitalar no Hospital do Coração como consequência necessário à sua formação.
Diante de tantos subsídios teóricos e dinâmicas clínicas se especializou em Psicodinâmica Winnnicotiana (PPESP) em uma linha psicanalítica que daria todo o suporte para suprir a demanda.
Com o tempo seu interesse em atendimento adulto com ramificações em relacionamentos tornou-se mais completa e como estudiosa do núcleo de estudos e prática sistêmica de casais e vínculos familiares.
Dra Pamela Magalhães tem uma atuação e expressão extraordinariamente fabulosa nas redes sociais , conto com perfis com conteúdos diários compartilhada com seus seguidores.
Confira o bate papo que tivemos com ela e porque ela é uma das referências de nós mulheres e muitos casais que admiram sua forma de se pronunciar e orientar.
CF: Dra Pamela qual a melhor maneira de se encontrar um
amor sem vir a se decepcionar?
PM: Eu não consigo imaginar a
possibilidade da gente se contar, que as decepções não acontecerão. Penso que no
decorrer das experiências da nossa vida, a gente vai entender, que as
frustrações fazem parte e que a imprevisibilidade também, e que porque a gente
ache que se preveniu da melhor forma possível, de repente a gente pode levar um
susto, se surpreender, a gente pode literalmente escorregar, além de tomar uma
ducha de água fria.
O principal percurso da
vida conforme a gente vai tomando conhecimento e sabedoria, é observar as
expectativas que criamos de acordo com aquilo que temos, domar a ansiedade,
observar a reciprocidade das relações, a proporcionalidade dos investimentos e principalmente as minhas idealizações e
aquilo que estou fantasiando na minha cabeça, no meu mundo particular, se tem coerência
e tem um reflexo proporcional com aquilo que esta acontecendo com a realidade,
digo isso porque muitas vezes, nós construímos castelos na nossa intimidade,
fazendo parte do nosso universo particular, o que esta verdadeiramente
acontecendo não corresponde.
Então pensando em tudo
isso, talvez consigamos ter expectativas um pouco mais controladas e poder
diminuir um pouquinho a chance de fortes e intensas decepções.
CF: Desde que se iniciou a quarentena, houve
um aumento significativo no numero de separações e discussões entre casais. Como você avalia este momento que estamos atravessando e se há como modificar
este momento?
PM: A quarentena veio e junto
com ela uma atmosfera de ansiedade manifestada, fazendo que obviamente, todos os
nossos humores e o emocional , ficasse bastante desorganizado. Todos nós
estamos e ficamos assustados , amedrontados, sem as distrações do dia a dia,
que muitas vezes nos afastam de uma intimidade , de uma concentração pra nossa
realidade da vida do casal.
"Tinha se happy our,
tinha-se o trabalho, a rotina de vida fora de casa" , sua liberdade sem
privações e sem o desafio de aprendermos a lidar com os espaços da casa e com
algumas diversidades e com problemáticas para colocadas para baixo do tapete.
O
problema maior não foi à quarentena, mas foi a concentração de um
relacionamento e o encaixar de algo , a desconexão, a sexualidade esquecida, os
afastamentos, as mágoas, que eram colocadas de lado, o estranhamento do nosso
par, as fugas e tantos outros subterfúgios, que tínhamos e deixaram de existir.
Então penso que assim,
como muitos casais entraram em crise, e sondaram a separação e até se
separaram, nós temos muitos outros casais que se aproveitam essa relação, para
se reinventarem, fortalecerem ainda mais a cumplicidade e se reencontrarem
também na possibilidade de se reconhecerem e de se resgatarem muito do que se
foi perdido, muito daquilo que se parecia ir de mal a pior.
Então são várias as
possibilidades desta situação e a gente não tem que culpar a Covid, nem a
quarentena, mas entender que foi justamente com ela e por ela que muita coisa
pode ser vista mais de perto e muita realidade pode ser escancarada.
CF: Quais as chances de recuperar uma
relação onde não há mais confiança, onde uma das partes sempre atribui à falta
de tempo e problemas financeiros?
Confiança é a base de
qualquer relacionamento!
Uma confiança se perde,
através de diversas razões, o principal, é não culpar apenas uma parte e se
estou com uma pessoa que não confia em mim, há um tempo razoável, é porque
algumas condutas dela, acabaram sendo aceitas por mim, então significa que
consenti , mesmo aquilo que eu conto pra mim, que eu não estou de acordo, ou
que não aceito.
O comportamento
permissivo, há dificuldade do diálogo, e as resistências de serem trabalhadas,
em algumas questões, podem fazer casais irem empurrando com a barriga. Muito da
relação, colocando justificativas, nos filhos, nos bens, no casamento marcado,
no apto que esta pra ser entregue, ou nas contas que precisam de ambos juntos,
para que sejam quitadas, são muito das desculpas que colocamos ,por dependência emocional, por uma imaturidade, e por um acovardamento de
encararmos e entendermos , quando precisamos nos fortalecer individualmente e
inclusive olhar com mais carinho e cuidado a relação do casal. Penso que a
confiança ela possa ser retomada, conforme a aliança do casal também por
retomada.
A gente não pode achar e
colocar tudo numa única pessoa e concentrar todos os problemas em uma das
partes. É reconhecer que cada um tem a sua parcela da contribuição para tal desfecho,
fazendo com que a relação se torne amadurecida e juntos possam entender, quais são
as regras desta relação? quais são os limites que ela tem?E como cada um pode
contribuir , pra que ela permaneça e pra que ela exista neste momento mais
forte?
Tenho experiência no meu trabalho, com a retomada da confiança em vários
aspectos. Só acho que isto não é possível, quando uma das partes se torna
bastante rígida, inflexível, e ainda numa tentativa de eximir de qualquer
responsabilidade ou na insistência de se colocar toda ela as custas ou nas costas
do outro.
CF: É possível doutora, amar sobre duas pessoas ao mesmo tempo?
PM:É um tema
muito importante, porque vai de acordo com a internalização do amor que essa
pessoa tem nas suas fases de desenvolvimento.
O amor é um
sentimento subjetivo, que significa amor pra mim, não signifique o que é pra
você. Não é raro você encontrar pessoas que dizem amar duas pessoas ao mesmo
tempo e você vai observar que uma dessas pessoas é atendida de uma maneira pra
outra e atendida de outra maneira, como se essas duas pessoas que ela diz
amarão ao mesmo tempo se complementassem.
São pessoas que compreendem o amor
mais cedido, por exemplo, ” amo esta pessoa porque tenho segurança , com ela
tenho estabilidade, mas amo essa pessoa também, porque com ela tenho
sexualidade, com ela excitação, com ela eu tenho uma cumplicidade e que com a
outra eu não consigo alcançar". Por isso que é muito importante observar de
perto estas pessoas , como elas compreendem o amor, e o quanto elas conseguem
se entregar por completo.
Porque quando diz amar
três, quatro pessoas, eu estou sempre me dividindo e não concentro a minha
entrega por completo a uma determinada relação.
Então sempre é bom verificar um
pouco sobre os significados do amor, a linguagem deste sentimento, sobre
propósitos e objetivos, valores, maturidade e o emocional pode ajudar estas
pessoas a compreenderem a sua forma de amar.
CF: Como identificar vitimas no caso crianças, que foram molestadas ou abusadas sexualmente durante muitos anos pelo seu genitor e quais as conseqüências que a vitima leva ao longo de sua vida?
PM: As pessoas que já sofreram abusos sexuais
na infância ou na adolescência , elas podem apresentar sintomas na sua vida
adulta, nas mais variadas formas, não da
pra deixar aqui algo muito restrito, O que pode ser apresentado, é um prejuízo
claro no seu emocional, transtornos de ansiedade, núcleos depressivos
desencadeados, ou outras traumas de transtornos aflorados.
O que é muito importante é que exista,
um processo psicoterápico, e se for necessário também um acompanhamento
psiquiátrico, para que o indivíduo consiga resignificar tudo aquilo que tenha
acontecido, pra conseguir assim, recuperar a sua auto estima pra fazer
reparações necessárias e conseguir tocar a vida daqui a diante e não ficar
preso em um passado que feriu tanto.
Traumas faz com que permaneçamos,
vivenciando uma experiência, que não foi boa , com uma assombração na nossa mente. O processo psicoterápico em parceria, muitas vezes com o psiquiátrico, faz
com que pessoa vá aos poucos elaborando
toda esta dor, transformando em força, e a possibilidade de permitir que o novo
chegue até ela, favorecendo, um mecanismo mais construtivo de viver, e é isso que
essa pessoa mereça e precise.
CF: Como lidar com a indecisão entre a melhor escolha: Separar e tentar ser feliz, ou continuar um casamento em que uma das partes diz que não ama a esposa e sim uma outra pessoa, mas não toma iniciativa alguma ?
PM: A escolha entre continuar numa relação, ou separar-se, tentar ser feliz ou continuar onde uma das partes diz
que não ama, eu penso que uma pessoa que diz que não te ama, não há nenhum
sentido de você continuar.
Se você persiste por fragilidade,
fraqueza, vulnerabilidade, é fundamental que se trabalhe bastante a auto-estima, que quanto mais você se gostar, quanto mais você se amar, dificilmente
permanecerá em um lugar em que não haja amor, onde costumo dizer, “onde não
haverá amor, não se demore”.
A gente tem que aprender a levantar da mesa ,
quando o jantar não mais sido servido, a gente tem pernas e não raízes, e que
estiver em lugares onde não estiver havendo reciprocidade, carinho, atenção,
respeito e admiração, não há necessidade de estarmos ali, só ficaremos por uma
sensação de falsa segurança em função de
uma zona de conforto , alguns lugares que não são familiares, justamente pelo
tempo que estamos ali, pode parecer confortáveis, mas não necessariamente se
quantas vezes a gente esta numa relação , descobre que esta sendo traído ou o
outro diz que não gosta mais da gente ou estamos em uma relação abusiva e não
conseguimos sair de lá, e no mesmo tempo, não somos amados, não somos reconhecidos.
A única razão de estar ali, é porque não
estamos conosco , porque quando a gente se encontra, quando a gente se
fortalece, quando a gente se percebe, quando a gente aprende a lidar com a
própria solidão, a gente se integra, nós nunca mais estaremos sozinhos, então
poderemos escolher onde queremos ficar , sem permanecer em um lugar por
condição, por fraqueza, ou falta de opção. por contarmos por nós que não
acreditamos que alguém possa nos amar ou por contar que não existe nenhum lugar
melhor do que aqueles para estarmos.
Existe sim, existe um lugar que é muito
bom e será que é conosco , na nossa paz, no nosso conforto e com certeza onde tenhamos espaço pra ser a
nossa verdade e buscar os nossos objetivos e seguir com o nosso propósito.
CF: Qual a principal causa do fim dos relacionamentos e porque tantos casais estão optando relações abertas?
PM:Eu não vejo muitos casais procurando
relações abertas desta forma tão legítima.
Eu vejo muitas vezes uma intolerância
com as pessoas nos seus relacionamentos e qualquer coisa rompendo pela falta de
comprometimento.
Eu acho que as pessoas confundem muito
com a idéia da liberdade.
É importante lembrar pra viver a liberdade , você
precisa ter a responsabilidade, senão você se torna refém da liberdade, então o
que acontece é que hoje estímulos sociais, o direito de nos fazer tudo, e de
repente o fazer tudo, pode ferir outras pessoas em que as relações tenham a sua
regra e tem seu comprometimento.
Eu acho
que falta mais empatia nesse mundo , falta mais nos colocar no lugar do outro,
aprendermos a ouvir, a nos comunicar melhor, seguirmos com o comprometimento e
responsabilidade afetiva, aquilo que nós nos propomos , pra que nós
entendamos que assim que a gente quer
ser feliz, o outro também quer, e que não da pra ter tudo ao mesmo tempo, que
toda e qualquer escolha, sempre incluirá renúncias , e que nos sintamos mais
fortes, pra nos posicionamos e fazermos escolhas mais acertivas , mais
coerentes , com a forma que nos funcionamos, com aquilo que nos cabe, uma vez
que reconhecemos o tamanho que temos e os nossos contornos no mundo de hoje as
pessoas estão muito desestabilizadas, a lidarem com as adversidades e com os
momentos difíceis.
CF:Quando uma das partes deve desistir do relacionamento, e se é natural que alguém que tenha passado por uma decepção amorosa venha a querer se fechar para novos relacionamentos, mudam seu comportamento e começam a se envolver com qualquer pessoa com medo de ficar só?
PM: Numa geração em que tudo se resolve com
um clik, quando há um término relacional, quando há maior rejeição, quando nos
sentimos abandonados, seja o que for , parece que as pessoas querem ultrapassar
esta fase o mais rápido possível como se tudo se resolvesse apertando um botão,
virando uma página.
Só que na verdade, sentimento é algo mais complexo , não é
tão rápido assim. Demorou pra gente construir todo este sentimento, nos
cultivamos, foram horas, minutos, segundos, meses, anos, talvez que nós
aprendemos e nos acostumamos a gostar
desta pessoa, então toda esta doutrina deste pensamento, que aconteceu, e tudo
aquilo que foi construído aqui dentro, não vai ser de uma hora pra outra, que
vai desaparecer. Na minha visão a gente precisa ter respeito e consciência com tudo isto
que existiu, e entender que o processo do luto, ele vai demorar um tempo.
O fato de viver a minha dor, a minha
tristeza, o fato de entender que este sangue que esta correndo e este período
de cicatrização, não quer dizer que eu preciso viver sentimentos bons
paralelos, e nem que eu não possa ser feliz, com algumas outras conquistas, e
interações. Talvez a resistências das pessoas seja justamente se perceberem
chateadas e tristes , isso é o estimulo de condicionalmente mental .Hoje em dia, não se fala muito de quanto nós precisamos lidar com nossas dores,
e como viver frustrações, e não se fecharem frustrações, mas viver as frustrações,
se faz necessário.É justamente quando eu converso com as
minhas dores, e quando eu percebo as minhas conseqüências de atos, fatos,
escolhas, que eu reorganizo na minha mente, compreendo melhor as minhas
aptidões e as minhas forças .
CF:Qual a mensagem que você gostaria de deixar aos leitores do portal Celebridades In Foco?
PM: É errando bastante que a gente aprende ,
é falhando, é percebendo falhas dos outros, é vendo o impacto da vida da gente,
e o impacto que a gente faz na vida do outro. E talvez as pessoas coloquem já
outras nas relações, substituam, e não olhem pendências emocionais, passando por cima, pra que evite o sofrimento e a dor, achando que eles estão se polpando,
mas na verdade elas estão apenas jogando mais pra frente , mais pra baixo do
tapete, e estão só acumulando muito, de uma conta que em algum momento vai ser
cobrada.
Então a gente ao invés de tampar o sol com a peneira, jogando a emoção
pra debaixo do tapete, querendo engolir a seco, o que precisa ser mastigado com
muito carinho, com muito cuidado, respeito, acho que quanto mais a gente
entender isto, talvez nós estejamos mais afinados com as nossas relações , mais
integrados conosco, mais a par da gravidade das situações, e da relevância
delas nas nossas vidas, saindo mais amadurecidos, menos dependentes, menos carentes, e
menos vulneráveis, pra tantas manipulações, pra relações tóxicas e abusivas,
pra tantos conflitos relacionais e pessoais que podem e serão bastante evitados,
se nós estivermos mais fortalecidos com nós mesmos.
Espero que eu tenha contribuído com as questões que muitos gostariam de ouvir e esclarecer, agradeço pelo convite Eliciane e quero deixar um abraço carinhoso a você e a todos do portal Celebridades In Foco.
Pamela Magalhães
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