sábado, outubro 17, 2020

Uma vida de estudos que transformaram Dra Pamela Magalhães em uma das maiores referências da Psicologia e Terapia no País.



 Estamos muito felizes!

Com a agenda mega corrida, nossa querida Dra Pamela Magalhães aceitou nosso convite e concedeu uma das entrevistas mais bacanas e abertas querealizamos, onde com toda a sua visão, carinho, e de forma direta respondeu as nossas perguntas e mostrou diretrizes importantes que muitas vezes não enxergamos ou compreendemos.

Mas antes de mais nada, quem é a Dra Pamela de Magalhães?

Filha de cuidadores, mãe psicoterapeuta e pai médico, cresceu acompanhando esse exercício de amparo a dor física, quanto mental dos indivíduos , onde aprendeu em seu berço familiar a importância da sensibilidade e observação das minúcias da vida e de todos a sua volta

Ainda pequena sempre teve seus ímpetos respondidos pelo ambiente no qual se desenvolvia, tendo espaço e validação para a realização de precoces ensaios na leitura do outro.Seu interesse pela compreensão de traumas psíquicas do indivíduo , até constatar que estudar os mistérios do comportamento humano em graduação pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, seria a melhor forma de realizar este desejo em se tornar uma psicologa, apaixonada pelo atendimento clínico, onde  no âmbito hospitalar poderia adquirir maior experiência nos  mais diversos quadros clínicos para dimensionar seu conhecimento.

Em busca de ampliar esta escuta, tornou-se Especialista Hospitalar  no Hospital do Coração como consequência necessário à sua formação.

Diante de tantos subsídios teóricos e dinâmicas clínicas se especializou em Psicodinâmica Winnnicotiana (PPESP) em uma linha psicanalítica que daria todo o suporte para suprir a demanda.

Com o tempo seu interesse em atendimento adulto com ramificações em relacionamentos tornou-se mais completa e como estudiosa do núcleo de estudos e prática sistêmica de casais e vínculos familiares.

Dra Pamela Magalhães tem uma atuação e expressão extraordinariamente fabulosa nas redes sociais , conto com perfis com conteúdos diários compartilhada com seus seguidores.

Confira o bate papo que tivemos com ela e porque ela é uma das referências de nós mulheres e muitos casais que admiram sua forma de se pronunciar e orientar.

CF: Dra Pamela qual a melhor maneira de se encontrar um amor sem vir a se decepcionar?

PM: Eu não consigo imaginar a possibilidade da gente se contar, que as decepções não acontecerão. Penso que no decorrer das experiências da nossa vida, a gente vai entender, que as frustrações fazem parte e que a imprevisibilidade também, e que porque a gente ache que se preveniu da melhor forma possível, de repente a gente pode levar um susto, se surpreender, a gente pode literalmente escorregar, além de tomar uma ducha de água fria.

O principal percurso da vida conforme a gente vai tomando conhecimento e sabedoria, é observar as expectativas que criamos de acordo com aquilo que temos, domar a ansiedade, observar a reciprocidade das relações, a proporcionalidade dos investimentos e principalmente as minhas idealizações e aquilo que estou fantasiando na minha cabeça, no meu mundo particular, se tem coerência e tem um reflexo proporcional com aquilo que esta acontecendo com a realidade, digo isso porque muitas vezes, nós construímos castelos na nossa intimidade, fazendo parte do nosso universo particular, o que esta verdadeiramente acontecendo não corresponde.

Então pensando em tudo isso, talvez consigamos ter expectativas um pouco mais controladas e poder diminuir um pouquinho a chance de fortes e intensas decepções.

 

CF: Desde que se iniciou a quarentena, houve um aumento significativo no numero de separações e discussões entre casais. Como você avalia este momento que estamos atravessando e se há como modificar este momento?

PM: A quarentena veio e junto com ela uma atmosfera de ansiedade manifestada, fazendo que obviamente, todos os nossos humores e o emocional , ficasse bastante desorganizado. Todos nós estamos e ficamos assustados , amedrontados, sem as distrações do dia a dia, que muitas vezes nos afastam de uma intimidade , de uma concentração pra nossa realidade da vida do casal.

"Tinha se happy our, tinha-se o trabalho, a rotina de vida fora de casa" , sua liberdade sem privações e sem o desafio de aprendermos a lidar com os espaços da casa e com algumas diversidades e com problemáticas para colocadas para baixo do tapete.

O problema maior não foi à quarentena, mas foi a concentração de um relacionamento e o encaixar de algo , a desconexão, a sexualidade esquecida, os afastamentos, as mágoas, que eram colocadas de lado, o estranhamento do nosso par, as fugas e tantos outros subterfúgios, que tínhamos e deixaram de existir.

Então penso que assim, como muitos casais entraram em crise, e sondaram a separação e até se separaram, nós temos muitos outros casais que se aproveitam essa relação, para se reinventarem, fortalecerem ainda mais a cumplicidade e se reencontrarem também na possibilidade de se reconhecerem e de se resgatarem muito do que se foi perdido, muito daquilo que se parecia ir de mal a pior.

Então são várias as possibilidades desta situação e a gente não tem que culpar a Covid, nem a quarentena, mas entender que foi justamente com ela e por ela que muita coisa pode ser vista mais de perto e muita realidade pode ser escancarada.

 

CF: Quais as chances de recuperar uma relação onde não há mais confiança, onde uma das partes sempre atribui à falta de tempo e problemas financeiros?

Confiança é a base de qualquer relacionamento!

Uma confiança se perde, através de diversas razões, o principal, é não culpar apenas uma parte e se estou com uma pessoa que não confia em mim, há um tempo razoável, é porque algumas condutas dela, acabaram sendo aceitas por mim, então significa que consenti , mesmo aquilo que eu conto pra mim, que eu não estou de acordo, ou que não aceito.

O comportamento permissivo, há dificuldade do diálogo, e as resistências de serem trabalhadas, em algumas questões, podem fazer casais irem empurrando com a barriga. Muito da relação, colocando justificativas, nos filhos, nos bens, no casamento marcado, no apto que esta pra ser entregue, ou nas contas que precisam de ambos juntos, para que sejam quitadas, são muito das desculpas que colocamos ,por dependência emocional, por uma imaturidade, e por um acovardamento de encararmos e entendermos , quando precisamos nos fortalecer individualmente e inclusive olhar com mais carinho e cuidado a relação do casal. Penso que a confiança ela possa ser retomada, conforme a aliança do casal também por retomada.

A gente não pode achar e colocar tudo numa única pessoa e concentrar todos os problemas em uma das partes. É  reconhecer  que cada um tem a sua parcela da contribuição para tal desfecho, fazendo com que a relação se torne amadurecida e juntos possam entender, quais são as regras desta relação? quais são os limites que ela tem?E como cada um pode contribuir , pra que ela permaneça e pra que ela exista neste momento mais forte?

Tenho experiência no meu trabalho, com a retomada da confiança em vários aspectos. Só acho que isto não é possível, quando uma das partes se torna bastante rígida, inflexível, e ainda numa tentativa de eximir de qualquer responsabilidade ou na insistência de se colocar toda ela as custas ou nas costas do outro.

 

CF: É possível doutora, amar sobre duas pessoas ao mesmo tempo?

PM:É um tema muito importante, porque vai de acordo com a internalização do amor que essa pessoa tem nas suas fases de desenvolvimento.

O amor é um sentimento subjetivo, que significa amor pra mim, não signifique o que é pra você. Não é raro você encontrar pessoas que dizem amar duas pessoas ao mesmo tempo e você vai observar que uma dessas pessoas é atendida de uma maneira pra outra e atendida de outra maneira, como se essas duas pessoas que ela diz amarão ao mesmo tempo se complementassem. 

São pessoas que compreendem o amor mais cedido, por exemplo, ” amo esta pessoa porque tenho segurança , com ela tenho estabilidade, mas amo essa pessoa também, porque com ela tenho sexualidade, com ela excitação, com ela eu tenho uma cumplicidade e que com a outra eu não consigo alcançar". Por isso que é muito importante observar de perto estas pessoas , como elas compreendem o amor, e o quanto elas conseguem se entregar por completo.

Porque quando diz amar três, quatro pessoas, eu estou sempre me dividindo e não concentro a minha entrega por completo a uma determinada relação. 

Então sempre é bom verificar um pouco sobre os significados do amor, a linguagem deste sentimento, sobre propósitos e objetivos, valores, maturidade e o emocional pode ajudar estas pessoas a compreenderem a sua forma de amar.

 

CF: Como identificar vitimas no caso crianças, que foram molestadas ou abusadas  sexualmente durante muitos anos pelo seu genitor e quais as conseqüências que a vitima leva ao longo de sua vida?

PM: As pessoas que já sofreram abusos sexuais na infância ou na adolescência , elas podem apresentar sintomas na sua vida adulta, nas  mais variadas formas, não da pra deixar aqui algo muito restrito, O que pode ser apresentado, é um prejuízo claro no seu emocional, transtornos de ansiedade, núcleos depressivos desencadeados, ou outras traumas de transtornos aflorados.

O que é muito importante é que exista, um processo psicoterápico, e se for necessário também um acompanhamento psiquiátrico, para que o indivíduo consiga resignificar tudo aquilo que tenha acontecido, pra conseguir assim, recuperar a sua auto estima pra fazer reparações necessárias e conseguir tocar a vida daqui a diante e não ficar preso em um passado que feriu tanto.

Traumas faz com que permaneçamos, vivenciando uma experiência, que não foi boa , com uma assombração na nossa mente. O processo psicoterápico em parceria, muitas vezes com o psiquiátrico, faz com que  pessoa vá aos poucos elaborando toda esta dor, transformando em força, e a possibilidade de permitir que o novo chegue até ela, favorecendo, um mecanismo mais construtivo de viver, e é isso que essa pessoa mereça e precise.

 CF: Como lidar com a indecisão entre a melhor escolha: Separar e tentar ser feliz, ou continuar um casamento em que uma das partes diz que não ama a esposa e sim uma outra pessoa, mas não toma iniciativa alguma ?

PM: A escolha entre continuar numa relação, ou separar-se, tentar ser feliz ou continuar onde uma das partes diz que não ama, eu penso que uma pessoa que diz que não te ama, não há nenhum sentido de você continuar.

Se você persiste por fragilidade, fraqueza, vulnerabilidade, é fundamental que se trabalhe bastante a auto-estima, que quanto mais você se gostar, quanto mais você se amar, dificilmente permanecerá em um lugar em que não haja amor, onde costumo dizer, “onde não haverá amor, não se demore”. 

A gente tem que aprender a levantar da mesa , quando o jantar não mais sido servido, a gente tem pernas e não raízes, e que estiver em lugares onde não estiver havendo reciprocidade, carinho, atenção, respeito e admiração, não há necessidade de estarmos ali, só ficaremos por uma sensação  de falsa segurança em função de uma zona de conforto , alguns lugares que não são familiares, justamente pelo tempo que estamos ali, pode parecer confortáveis, mas não necessariamente se quantas vezes a gente esta numa relação , descobre que esta sendo traído ou o outro diz que não gosta mais da gente ou estamos em uma relação abusiva e não conseguimos sair de lá, e no mesmo tempo, não somos amados, não somos reconhecidos.

A única razão de estar ali, é porque não estamos conosco , porque quando a gente se encontra, quando a gente se fortalece, quando a gente se percebe,  quando a gente aprende a lidar com a própria solidão, a gente se integra, nós nunca mais estaremos sozinhos, então poderemos escolher onde queremos ficar , sem permanecer em um lugar por condição, por fraqueza, ou falta de opção. por contarmos por nós que não acreditamos que alguém possa nos amar ou por contar que não existe nenhum lugar melhor do que aqueles para estarmos.

Existe sim, existe um lugar que é muito bom e será que é conosco , na nossa paz, no nosso conforto  e com certeza onde tenhamos espaço pra ser a nossa verdade e buscar os nossos objetivos e seguir com o nosso propósito.

 

CF: Qual a principal causa do fim dos relacionamentos e porque tantos casais estão optando relações abertas?

PM:Eu não vejo muitos casais procurando relações abertas desta forma tão legítima.

Eu vejo muitas vezes uma intolerância com as pessoas nos seus relacionamentos e qualquer coisa rompendo pela falta de comprometimento.

Eu acho que as pessoas confundem muito com a idéia da liberdade.

É importante lembrar pra viver a liberdade , você precisa ter a responsabilidade, senão você se torna refém da liberdade, então o que acontece é que hoje estímulos sociais, o direito de nos fazer tudo, e de repente o fazer tudo, pode ferir outras pessoas em que as relações tenham a sua regra e tem seu comprometimento.  

Eu acho que falta mais empatia nesse mundo , falta mais nos colocar no lugar do outro, aprendermos a ouvir, a nos comunicar melhor, seguirmos com o comprometimento e responsabilidade afetiva, aquilo que nós nos propomos , pra que nós entendamos  que assim que a gente quer ser feliz, o outro também quer, e que não da pra ter tudo ao mesmo tempo, que toda e qualquer escolha, sempre incluirá renúncias , e que nos sintamos mais fortes, pra nos posicionamos e fazermos escolhas mais acertivas , mais coerentes , com a forma que nos funcionamos, com aquilo que nos cabe, uma vez que reconhecemos o tamanho que temos e os nossos contornos no mundo de hoje as pessoas estão muito desestabilizadas, a lidarem com as adversidades e com os momentos difíceis.

CF:Quando uma das partes deve desistir do relacionamento, e se é natural que alguém que tenha passado por uma decepção amorosa venha a querer se fechar para novos relacionamentos, mudam seu comportamento e começam a se envolver com qualquer pessoa com medo de ficar só?

PM: Numa geração em que tudo se resolve com um clik, quando há um término relacional, quando há maior rejeição, quando nos sentimos abandonados, seja o que for , parece que as pessoas querem ultrapassar esta fase o mais rápido possível como se tudo se resolvesse apertando um botão, virando uma página. 

Só que na verdade, sentimento é algo mais complexo , não é tão rápido assim. Demorou pra gente construir todo este sentimento, nos cultivamos, foram horas, minutos, segundos, meses, anos, talvez que nós aprendemos  e nos acostumamos a gostar desta pessoa, então toda esta doutrina deste pensamento, que aconteceu, e tudo aquilo que foi construído aqui dentro, não vai ser de uma hora pra outra, que vai desaparecer. Na minha visão a gente precisa ter respeito e consciência com tudo isto que existiu, e entender que o processo do luto, ele vai demorar um tempo.

O fato de viver a minha dor, a minha tristeza, o fato de entender que este sangue que esta correndo e este período de cicatrização, não quer dizer que eu preciso viver sentimentos bons paralelos, e nem que eu não possa ser feliz, com algumas outras conquistas, e interações. Talvez a resistências das pessoas seja justamente se perceberem chateadas e tristes , isso é o estimulo de condicionalmente mental .Hoje em dia, não se fala muito de quanto nós precisamos lidar com nossas dores, e como viver frustrações, e não se fecharem frustrações, mas viver as frustrações, se faz necessário.É justamente quando eu converso com as minhas dores, e quando eu percebo as minhas conseqüências de atos, fatos, escolhas,  que eu reorganizo na minha mente, compreendo melhor as minhas aptidões e as minhas forças .

CF:Qual a mensagem que você gostaria de deixar aos leitores do portal Celebridades In Foco?

PM: É errando bastante que a gente aprende , é falhando, é percebendo falhas dos outros, é vendo o impacto da vida da gente, e o impacto que a gente faz na vida do outro. E talvez as pessoas coloquem já outras nas relações, substituam, e não olhem pendências emocionais, passando por cima, pra que evite o sofrimento e a dor, achando que eles estão se polpando, mas na verdade elas estão apenas jogando mais pra frente , mais pra baixo do tapete, e estão só acumulando muito, de uma conta que em algum momento vai ser cobrada. 

Então a gente ao invés de tampar o sol com a peneira, jogando a emoção pra debaixo do tapete, querendo engolir a seco, o que precisa ser mastigado com muito carinho, com muito cuidado, respeito, acho que quanto mais a gente entender isto, talvez nós estejamos mais afinados com as nossas relações , mais integrados conosco, mais a par da gravidade das situações, e da relevância delas nas nossas vidas, saindo mais amadurecidos, menos dependentes, menos carentes, e menos vulneráveis, pra tantas manipulações, pra relações tóxicas e abusivas, pra tantos conflitos relacionais e pessoais que podem e serão bastante evitados, se nós estivermos mais fortalecidos com nós mesmos.

Espero que eu tenha contribuído com as questões que muitos gostariam de ouvir e esclarecer, agradeço pelo convite Eliciane e quero deixar um abraço carinhoso a você e a todos do portal Celebridades In Foco.

 Pamela Magalhães


Site: https://pamelamagalhaes.com.br/

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